Tendo em vista que uma nova formação de 300 professores se aproximava, eu e o Juliano decidimos usar a preparação para esse evento como um momento de formação para nossos estagiários. Em seus blogs e em nossas discussões semanais nos nossos workshops, os estagiários apontavam vários problemas que estavam encontrando nas escolas no que diz respeito a formação e ao uso do laptop pelos professores: Os professores solicitavam mais formações e quando elas eram oferecidas eles não demonstravam-se comprometidos; O uso do laptop em sala de aula parecia trabalho extra; Não conseguiam entregá-lo ao currículo nacional; pouquíssimos professores estavam utilizando laptop em sala de aula; a resistência maior era por parte de professores mais antigos; escolas com melhores resultados contam com diretores mais atuantes em relação ao projeto; faltava conhecimentos básicos para a resolução de problemas simples em relação ao laptop, organização das atividades com o laptop e também cuidados com a máquina; muitos laptops permaneciam chaveados em armários e alunos não levavam para casa.
Baseado nos dados trazidos pelos estagiários, nas nossas próprias leituras e observações, iniciamos um processo de re-avaliação de nossas formações, assumindo que nosso trabalho anterior no que diz respeito a capacitação de professores e gestores, não estava sendo muito efetivo, desde que muitos professores não estavam utilizando laptops em sala de aula.
Por isso sugerimos a criação coletiva de alternativas para o trabalho com esses novos professores que estavam recebendo laptops em suas escolas.
Essa primeira formação para o deployment de 65.000 laptops foi organizada para atender as 150 escolas distribuídas em 4 Províncias de Ruanda, além da capital Kigali City, que receberão as máquinas nos próximos meses.
Então decidimos, junto com o governo, que nessa primeira fase seria essencial fazer uma formação prévia para os diretores das escolas e um professor coordenador do projeto por escola. Tal ação justifica-se tendo em vista que em escolas onde o diretor/a entende os princípios do projeto e têm um professor responsável, o engajamento de outros professores e a viabilização de outras ações dentro do espaço escolar, bem como, com a comunidade, tende a ser mais efetiva.
Para tanto essa formação foi pensada com alguns
objetivos:
1) Destacar os princípios do projeto: Por que prover um laptop por criança, se muitas não têm o que comer? Por que saturação de uma escola? Por que as crianças precisam levar laptop para casa? O projeto é sobre Educação, viabilizada pela tecnologia. Não é sobre tecnologia. Os professores não precisam ensinar tecnologia; eles precisam utilizá-las para melhor suas práticas pedagógicas.
2) Desenvolver nossa formação com idéias concretas sobre utilização dos laptops em sala de aula, trabalhando as ferramentas a partir de atividades curriculares.
3) Focar em alternativas para resolver possíveis problemas que serão encontrados em sala de aula e nas escola.
4) Planejar os próximos passos.