sexta-feira, 11 de junho de 2010

XO Clubs nas escolas Kagugu e Nonko e formação dos voluntários da KIST

O primeiro XO Camp cumpriu  com os seus objetivos: A)  As crianças tiveram oportunidade de engajar-se em experiências significativas  de aprendizagem por meio do laptop, criando seus próprios jornais, programando seus próprios jogos e investigando suas curiosidades.  B)  A comunidade escolar (pais, professores, dirigentes) e coordenadores locais do projeto puderam observar o envolvimento das crianças com a sua aprendizagem e as potencialidades do laptop como o elemento catalisador para essa mudança de postura das crianças.

Em função disso, duas escolas solicitaram a continuidade dessas atividades, independente do trabalho do professor, para oportunizar esse tipo de experiência a um maior número de alunos. 

Para atender a essa demanda, nós criamos os XO CLUBS. XO CLUBS foram atividades semanais, no turno inverso às aulas, para grupos de alunos de 4a e 5a séries que não haviam participado nos XO CAMPS.


Na escola Kagugu, em função do seu tamanho (+ de 3500 alunos) nós oferecemos os 3 clubs: Jornalismo, Programação de jogos em Scratch e Matsiko (investigação de curiosidades).
Na escola Nonko (1000 alunos),  oferecemos apenas um Club (em dois turnos), que, por decisão da direção da escola, foi o Matsiko.

Os XO Clubs fizeram parte da nossa estratégia de formação de pessoas. Para a realização dessas atividades nós iniciamos um programa de voluntários para estudantes universitários.  A idéia era que eles nos acompanhassem durante as práticas, facilitassem a nossa comunicação com as crianças na língua local (kenyarwanda), para que tivessem modelos de trabalho com crianças menos hierárquico e menos centrado no professor. Dos cinco voluntários que iniciaram o trabalho conosco, dois logo em seguida foram contratados como internos pela organização e atualmente (junho de 2010) são empregados da OLPC.
Minha atuação, com colaboração do Juliano, foi no Club Matsiko e na formação desses voluntários. Aos poucos os voluntários/internos foram entregando-se ao meu trabalho nas escolas e por último eles assumiram o Matsiko Club, já que eu estive fora de Ruanda por um mês.

Na escola Kagugu, um grupo de  alunos decidiu investigar “qual é o caminho para a lua?”. Outro grupo (no turno inverso) tinha uma curiosidade bem peculiar:  “Se o Egito é em cima no mapa e o Céu também é em cima. O Céu é no Egito?”
Na escola Nonko um grupo escolheu: “De onde vem o homem?” E o outro grupo, “Se é verdade que a terra gira, por que não sentimos ela girar?”

Baseado na mesma metodologia do Matsiko, explicada no post anterior, as crianças, depois de decidirem a questão de investigação, registraram a curiosidade e as hipóteses (idéias prévias). 

No grupo sobre  “de onde vem o homem”, nós tentamos trabalhar com diferentes explicações para essa questão, incluindo a explicação religiosa e a científica.  As hipóteses das crianças baseavam-se apenas na explicação religiosa. Mas haviam alguns gaps nessa explicações, tanto que se tornou a questão de pesquisa.  Foi interessante que as crianças entrevistaram um padre e ele mesmo disse que alem da sua explicação havia uma explicação científica que traçava uma comum descendência com os gorilas.  Para as crianças foi totalmente surpresa quando viram a explicação que dizia que a origem da humanidade é Africana. Mesmo quando traziam a explicação religiosa sobre Adão e Eva, diziam que os dois eram brancos e não conseguiam explicar a origem da população negra.
Como um dos internos havia estudado biologia, ele tentou trabalhar com as crianças algumas noções da teoria da Evolução.
 
No grupo “Se é verdade que a terra gira, por que não sentimos ela girar?”
as crianças tinham diferentes hipóteses. Então eles dividiram-se em grupos e trabalharam a investigação em cima da validação dessas hipóteses.  Um dos grupos construiu uma maquete com sucata para provar a relatividade do movimento, ou seja,  eles usaram a câmera do laptop para filmar que a  maquete girava , mas as pessoas que estavam na maquete permaneciam na mesma posição.
Outro grupo uso o globo e colou personagens de papel para mostrar porque as pessoas não sentem o movimento da terra.  Mas, antes disso, houve uma grande discussão sobre onde estamos na terra (dentro, na superfície, etc).

O grupo em Kagugu que estudou o caminho para a lua também tinha a mesma dúvida: onde estamos?  Se estamos dentro do globo, onde está o Céu, onde está a lua?  Eles utilizaram o Scratch para simular o sistema solar e o caminho para a lua.
O grupo sobre o “se o Céu é no Egito” trabalhou com mapas em diferentes posições no laptop. Também fez uma simulação do planeta terra no laptop, da lua, do sol, discutindo a relatividade do conceito de “em cima”.  

Os Clubs tiveram a duração de 4 meses. Eles encerraram com apresentação dos trabalhos e a discussão das questões de pesquisa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário