domingo, 28 de março de 2010

Formação do Core team: Laptop não é brinquedo


Como uma das estratégias para desmistificar a concepção trazida pelo coreteam que o laptop era um brinquedo, desafiamos eles a usar programação logo no início, após a uma rápida exploração da funcionalidades básicas da máquina.
Iniciamos mostramos projetos em Scratch e Etoys criados por crianças brasileiras entre 6 e 9 anos. Nossa idéia era apontar a complexidade de alguns projetos, já que estes envolviam programação.
A proposta ou o tema para basear a exploração/uso do laptop foi pensar “o que é importante para cada um” ou “com o que você se importa”( What do you care about?)
Então pedimos que eles formassem duplas, conversassem sobre a questão e usassem o laptop para criar algo que apresentasse o colega, explicitando o que era importante para ele. Sugerimos no início que fizessem isso usando o editor de texto e a foto do colega. Numa segunda etapa que utilizassem outra atividade do laptop que propiciasse o uso de algum tipo de animação ou programação... Queríamos que realizassem a mesma proposta usando uma outra linguagem para além do texto e da foto.
Diferenciando-se das aulas que o grupo esperava, nessa formação:
- Tínhamos um desafio, mas não foi dito exatamente o que e como fazer!
- Cada um explorou uma ferramenta e uma maneira de fazer! Aprenderam diferentes tecnologias!
- Ensinávamos ou ajudávamos eles a aprender baseado na necessidade do projeto deles e conforme as possibilidades e interesse de cada um.
- A cada final de dia, cada um apresentava e dividia suas aprendizagens com os demais.
Para eles, tópicos importantes eram: Família, como conquistar uma esposa, casamento, prostituição e AIDS, como ganhar dinheiro, etc. Para expressar isso alguns exploraram o Etoys ou o Scratch e outros usaram a câmera e o editor de texto. Nem todos os membros foram a fundo no que diz respeito a complexidade de seus projetos. Mas os projetos de alguns serviram para trazer subsídios para pensar o laptop como uma poderosa ferramenta de criação, programação e autoria.
No momento da reflexão sobre essas propostas, discutimos com o grupo sobre nossa "metodologia" e desafiamos eles a pensar em outras possibilidades de propostas para sala de aula.
Esse foi um trabalho difícil, mas necessário para quebrar as concepções de ensino que o grupo tinha e também sobre as possibilidades do laptop, para além de "um brinquedo". Além disso, começamos a introduzir a idéia de aprendizagem com o laptop e não ensino de informática na escola.

Um comentário:

  1. Oi Silvia, li todos os posts mas este está especialmente envolvente. A tua escrita me levou para junto do grupo e dos projetos que estavam desenvolvendo. As questões trazidas pelos professores e o modo como vocês atuaram metodologicamente foi bárbaro. No primeiro dia da formação aqui em Florianópolis sugerimos algo bastante semelhante para os professores desenvolverem em duplas e explorarem os laptops. Nossa intenção também é desconstruir a ideia de que seria necessária receberem 'aula de XO' para depois trabalharem com os alunos. Temos a certeza de que o conhecimento técnico das potencialidades do equipamento flui de modo muito mais interessante e rico ao se desenvolver projetos sobre interesses próprios.
    Grande abraço querida, esperamos vê-la em breve em Floripa. Quando quiser, visite nosso espaço http://projetolaptop.blogspot.com

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